Mercadoria valiosa, o segredo do café era religiosamente ocultado pelos árabes ao impedir as visitas às plantações e a cedência de grãos férteis para fora do país. O grão acaba por chegar à Europa através de Veneza e, pelos comerciantes da Rota das Especiarias, local onde é aberto o primeiro estabelecimento com café, mesmo que alguns opositores o apelidarem de “invenção amarga de Satanás”.
Com tanta polêmica, se necessitou da intervenção do Papa que, para eliminar a dúvida, provou a bebida e anunciou a sua aprovação, o que foi o divisor de águas para o crescimento das casas populares, onde o café se tornou uma bebida social na Europa. Isso já era comum entre os muçulmanos que já usavam a bebida nos seus convívios musicais e desportivos, como o xadrez.
Durante o século XVIII, potências europeias como Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda iniciaram o cultivo do café nas suas colônias devido ao clima favorável ao plantio.
Portanto, a história do café em Portugal inicia-se no século XVIII, quando Portugal levou o café para o Brasil, introduzido pela primeira vez como uma mercadoria importada pelo D. João V na antiga colônia portuguesa do Brasil, fazendo do Brasil o maior produtor de café arábica do mundo, na época. Desde então, o café foi levado para as ex-colônias de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, a partir do Brasil por volta de 1800. Na mesma altura foi introduzido pelos portugueses em Cabo Verde e em Angola o café foi introduzido pelos missionários portugueses.
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As Cafeterias ou Cafés Públicos
Com relação as cafeterias, durante o séc. XVIII apareceram os primeiros cafés públicos inspirados nas tertúlias francesas do séc. XVII, tornaram-se espaços de animação cultural e artística. Surgindo vários cafés em Lisboa como: Martinho da Arcada, Café Tavares, Café Nicola, Botequim Parras.
No início do séc. XIX abriram os famosos Cafés Marrare, fundado por António Marrare, siciliano de origem, negociante de vinhos engarrafados, licores e café. Os cafés públicos foram autênticas academias de moda e de pensamentos, frequentados por muitos artistas.
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Como pedir um café em Portugal
Sendo um produto tão importante, o café tornou-se parte da vida das pessoas, em quase todo o mundo. Mas afinal, como é que se pede um café em Portugal? De região para região, o café expresso pode ser chamado de bica, em Lisboa e no sul do país, ou de “Cimbalino”, se estiver mais para o norte.
Com uma origem controversa, o termo “bica” surgiu numa altura em que o café era pouco comum e em que os consumidores estavam pouco habituados ao seu sabor mais amargo, principalmente se comparado ao vinho tinto e do Porto.
Na época, devido ao pouco sucesso da bebida, a cafeteria Brasileira, em Lisboa, decidiu inovar e colocar um cartaz na entrada: “Beba Isto Com Açúcar”, resumindo: BICA.
Já a norte, o termo “Cimbalino” começou a ser usado no café Âncora D’Ouro, famoso entre os universitários e vulgarmente designado por “O Piolho”. O espaço foi o primeiro da cidade do Porto a comprar uma máquina de café italiana chamada “La Cimbali”.
Consumidores exigentes, os portugueses estabeleceram variações. Há quem prefira o café curto, normal, cheio, quase cheio ou banheira, também existem o café carioca, descafeinado ou juntar-lhe ao leite e obter um garoto (no Sul) ou pingo (no Norte), que no Brasil em alguns locais, principalmente em São Paulo, chamamos de Pingado.
Além disso, com o passar dos anos e a evolução das máquinas de café domésticas, o negócio da venda de café em cafetarias, não é tão forte em Portugal como em outros países, tendo um aumento significativo de pessoas que que preferem as cápsulas ou pastilhas que permitem usufruir da bebida no conforto do lar.