A primeira vez que se têm registro de alguém falar sobre a existência do café na Europa, foi na Alemanha. Leonhard Rauwolf, médico, botânico e explorador alemão, em 1573, fez sua uma viagem para Aleppo e, em 1582, editou seu livro “Viagem a países do Oriente” no qual menciona, pela primeira vez na Europa, o café.
Falamos neste parágrafo apenas quando o termo e a bebida foi citada no país, mas quando chegou realmente na Alemanha?
Foi por volta de 1670 que o consumo de café foi introduzido na Alemanha. Primeiramente no Norte, a bebida chegou por um inglês que abriu a primeira casa de café em Hamburgo, entre 1679-80. Diversas outras casas de café foram sendo abertas, nas cidades de Regensburg, Leipzig, Nuremberg, Stuttgart, Augsburg e, finalmente, em Berlim no ano de 1721.
O café entrou nas casas e começou a substituir a sopa de farinha e a cerveja quente nas mesas do café da manhã, principalmente por influência dos ingleses que forneciam os cafés utilizados no norte da Alemanha, e os italianos, no sul do país.
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Cafeterias
As casas de café se tornaram comum e, no período de Frederico – O Grande, mais de uma dúzia de casas de café podiam ser frequentadas na região metropolitana de Berlim, sendo que nos subúrbios, também se bebia café, mas oferecidos em barracas nas ruas.
Muitos médicos se dedicaram à campanhas contra a bebida e um dos principais argumentos é que causava esterilidade. O repúdio ao café era um tema recorrente entre as famílias, tanto que, em 1732, por encomenda de Gottfried Zimmermann, o músico, compositor, maestro e professor Johann Sebastian Bach musicou uma miniópera, a Café Cantata (Kaffeekantate).
Zimmermann era dono do Café Zimmermann uma casa de café em Leipzig que também abrigava o Collegium Musicum, uma sociedade de música fundada por Georg Phillip Teleman e dirigida por Bach entre 1729 e 1739.
A Café Cantata é, em parte, uma propaganda e crítica ao movimento que surgia na Alemanha e que procurava impedir as mulheres de tomar café.
Houve inclusive a tentativa de bloquear a importação de café na Prússia preocupado com a grande competição aos produtos locais. Durante algum tempo, a cerveja foi restaurada para seu lugar de honra e o café continuou a ser um luxo oferecido apenas pelos ricos.
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Curiosidade: Filtro de café
Em resumo, foi na Alemanha que inventaram o filtro de papel!
Nascida na cidade de Dresden, Melitta Bentz não estava satisfeita com os percolados de café que acabavam produzindo mais café do que o necessário e mesmo com as máquinas de café expresso ainda deixavam resíduos na bebida, ainda que usasse os filtros de pano, que na época eram feitos de linho, muito difíceis de limpar.
Melitta, então, experimentou diversas técnicas até que, em 1908, teve uma ideia simples e genial: fez pequenos furos em uma caneca de latão transformando-o em uma peneira e utilizou um pedaço de papel do caderno escolar de seu filho, inventando assim, o primeiro filtro de café.
Nos dias de hoje
O café na Alemanha, para muitos, tem a fama de ser muito ruim. Inclusive alguns dizem para você tomar uma bela cerveja de trigo alemã no lugar do café, mesmo pela manhã.
Na verdade, o que faz o seu café ser diferente é a torra, sempre mais clara, deixando o café comumente mais “fraco”. De qualquer forma, o jeito Melitta de fazer café é o mais comum entre os alemães.
Agora, se você for pedir um café numa cafeteria ou numa padaria, peça pelo Schwarzkaffee (café preto), o mais parecido com o nosso cafezinho. Eles costumam utilizar também os termos italianos para os outros tipos de café, então, você não vai se sentir tão perdido, porque são parecidos com o que vemos aqui no Brasil.
Outro dado interessante sobre o café e a Alemanha é que, apesar de não produzirem um único grão, eles importam e revendem café, lucrando muito com isso. Só do café que importa do Brasil, revendem dois terços.
Se o café for reprocessado pela Nespresso, no norte da Alemanha, por exemplo, o valor que ganha para si chega a ser 70x o que foi pago originalmente ao produtor no Brasil.
